Por que considerar o microbioma da pele na prática diária?

  • 10min
  • Mai. 2022
  • Desenvolvido por
  • La Roche-Posay

A pele humana é um complexo órgão de barreira, que oferece um ambiente propício para uma vasta gama de microrganismos. A maioria desses microrganismos são inofensivos e benéficos, fornecendo proteção contra agentes patogênicos e desempenhando um importante papel na modulação dos sistemas imunológicos cutâneos. A simbiose entre a pele e seu microbioma depende de um complexo "diálogo" e é necessária para uma pele saudável e uma função eficaz de barreira da pele.1



Dermatite atópica: além da disfunção de barreira da pele, disbiose


Atualmente, reconhece-se que a composição da matriz extracelular não desempenha mais o seu papel em pacientes com dermatite atópica e a função de barreira da pele é modificada.

Muitos estudos de cultivo identificaram mudanças na diversidade microbiana em áreas de peles ressecadas e com prurido, quando comparados a indivíduos saudáveis.2 Apresentando também uma queda considerável de até 90% na diversidade, limitando-se apenas a um gênero de bactéria, Staphylococcus.

Essa colonização microbiana anormal, significa que a dermatite atópica pode ser vista como um estado de disbiose.3



Reequilíbrio da disbiose da pele: outro desafio para o tratamento da dermatite atópica


Mudanças na composição normal do microbioma da pele podem contribuir para o desenvolvimento de inflamação e agravamento da doença.1

Restaurar o equilíbrio microbiano da pele pode ser clinicamente significativo em doenças inflamatórias tais como dermatite atópica. O microbioma da pele pode ser a "mais nova fronteira" em saúde preventiva e dá forma à abordagem do tratamento da dermatite atópica.4



Emolientes podem ajudar a restabelecer o microbioma da pele


Hidratantes e emolientes são vistos como o marco do tratamento de dermatite atópica. Auxiliam a restaurar e manter a integridade da barreira da pele, combater a xerose e aumentar a eficácia do tratamento. Ensaios clínicos mostraram que a aplicação de determinados emolientes pode aumentar a diversidade do microbioma em peles atópicas.

Dada a disbiose da pele em pacientes atópicos, o foco do tratamento de dermatite atópica pode mudar para um hidratante com ingredientes que auxiliam a restauração do microbioma da pele e a função de barreira. Hidratantes podem oferecer benefícios em pacientes atópicos sobre os quais atividades antioxidantes, antibacterianas apropriadas são importantes estratégias terapêuticas.4



Indo mais longe

Controlar o microbioma da pele com um emoliente específico: resultados de um ensaio clínico

Métodos

  • Estudo duplo-cego e randomizado
  • 60 pacientes com dermatite atópica (SCORAD D-15=21+/- 8)
  • Tratamento do estudo: emoliente suplementado com Aqua Posae Filiformis, uma biomassa de bactérias não patogênicas, Vitreoscilla filiformis, cultivadas em um meio contendo água termal de nascente (A) vs. outro emoliente (B)
  • Duração do estudo: 4 semanas

Resultados

  • Redução no SCORAD: grupo A = 11% / grupo B = +35% (p=0,01884)
  • Aumento do nível do gênero Xanthomonas no grupo A
  • Aumento do nível do gênero Estafilococos no grupo B
  • SCORAD mais baixo associado ao grupo A (46%), no grupo B (79%)

Conclusão

  • O emoliente A é capaz de regular o microbioma da pele e reduzir significativamente as erupções.

Seite S., Zelenkova H., Martin R. et al. Usar um emoliente específico para controlar a disbiose do microbioma da pele. (Pôster)
Seite S., Zelenkova H., Martin R. Clinical efficacy of emollients in atopic dermatitis patients – relationship with the skin microbiota modification. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology 2017;10:25–33.



Compreender melhor o microbioma da pele


A microbioma da pele é representada por algo em torno de 250 a 500 diferentes tipos de microrganismos, incluindo bactérias, vírus e agentes micóticos.1 Esse microbioma é quase um segundo órgão invisível com o seu próprio genoma2,3 e está constantemente interagindo com os sistemas imunológicos e adaptativos na pele. O microbioma da pele — pelo fato da exposição na superfície em um órgão de interface — está constantemente vulnerável à diversos fatores que afetam a sua composição e diversidade.

Esquematicamente, três regiões da pele são conhecidas por abrigarem diferentes perfis de microrganismos: regiões sebáceas (rosto e lados posterior e médio do tronco), zonas úmidas (regiões axilar e inguinal, dobras das juntas dos braços e das pernas), e regiões secas tais como os antebraços e nádegas.8

Essa composição inicial do microbioma da pele é altamente influenciada pelos primeiros contatos da pele durante e depois do nascimento. Essa composição é determinada pela rota do parto (natural versus cesariana), primeiro contato com a pele da mãe e composição do leite materno. Até certa medida, nós também podemos ver a maturação do microbioma da pele durante os primeiros doze meses de vida, com variações muito marcantes. Há grandes variações intra e inter individuais. Isso também explica porque o microbioma da pele é o mais instável de todos os nichos e ecossistemas do corpo humano.5 Além disso, graças à acessibilidade da pele e o seu microbioma, muitas estratégias podem ser adotadas para modificar sua composição e restabelecer o equilíbrio entre os diferentes constituintes envolvidos neste ecossistema, a diversidade parece essencial para uma pele saudável. Por causa das razões expostas acima, as mudanças na diversidade do microbioma ("disbiose") podem ser vistas como sendo um resultado de distúrbios da pele, independente de sua origem.

Bibliografia

  1. Baldwin H.E., Bhatia N.D., Friedman A. et al. The Role of Cutaneous Microbiota Harmony in Maintaining a Functional Skin Barrier. J Drugs Dermatol. 2017;16(1):12-8.
  2. Flores G.E., Seite S., Henley J.B. et al. Microbiome of Affected and Unaffected Skin of Patients With Atopic Dermatitis Before and After Emollient Treatment. J Drugs Dermatol. 2014;13(11):611-8.
  3. Seite S., Bieber T. Barrier function and microbiotic dysbiosis in atopic dermatitis. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology 2015;8:479–83.
  4. Lynde C.W., Andriessen A., Bertucci V. et al. The skin microbiome in atopic dermatitis and its relationship with emollients. J Cutan Med Surg. 2016;20(1):21-8.