A pele sensível é diferente quando se considera o sexo ou grupos étnicos?

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  • Mai. 2022
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  • La Roche-Posay

O termo "pele sensível" está sendo utilizado com uma frequência cada vez maior na literatura científica. É, principalmente, uma queixa subjetiva com etiologia ainda por definir. É provável que haja um número de fatores que contribuam para a pele sensível:

  • Fatores do hospedeiro (idade, gênero e etnia)
  • Fatores culturais (hábitos pessoais e uso de produtos específicos)
  • Fatores ambientais (calor, frio, umidade e secura)

A pele sensível é geralmente entendida como uma queixa entre mulheres. Estudos recentes relataram uma diferença em relação ao sexo na proporção da população que percebe ter pele sensível.


% de mulheres e homens relataram ter pele sensível


Um estudo epidemiológico incluindo uma população de 1.039 indivíduos, avaliou a autopercepção sobre pele sensível (sem nenhuma seleção baseada em qualquer critério relacionado à pele sensível) feito por meio de preenchimento de questionários.

Nesse estudo, não demonstrou diferenças significativas em nenhum grau de sensibilidade para a pergunta geral ou para a pele sensível percebida no corpo. Com relação à pele sensível na face, havia uma proporção significativamente maior de homens afirmando que sua pele facial não era sensível, e uma proporção significativamente menor afirmando que sua pele facial era moderadamente sensível. Uma percentagem significativamente mais alta de homens afirmou não possuir pele sensível na área genital, e uma percentagem mais baixa afirmou que a pele nessa área era moderadamente ou muito sensível.2



Há alguma diferença étnica na pele sensível?


Estudos que examinaram uma possível influência do histórico étnico nas propriedades estruturais, fisiológicas e biomecânicas da pele normal, focaram primariamente nas diferenças entre as peles negra e branca, porém, nos últimos 30 anos, também têm sido considerados os tipos de pele asiático e hispânico. Por exemplo, em comparação entre euro-americanos. Os afroamericanos relataram possuir número maior de camadas de estrato córneo, uma maior resistência a testes epicutâneos, um maior volume de lipídios e uma pele mais elástica em locais expostos ao sol.5

No estudo epidemiológico citado anteriormente, não foram encontradas diferenças étnicas quando homens e mulheres foram perguntados sobre pele sensível em geral ou pele sensível da face ou corpo.2

Como mostrado na Figura 1, uma percentagem significativamente maior de mulheres que de homens respondeu que procuram por informações sobre a pele quando compram produtos para cuidados com a pele. Quando grupos étnicos são considerados separadamente, uma percentagem significativamente maior de mulheres brancas procura por informações sobre a pele quando comparada à percentagem de homens brancos. A diferença também era significativa entre a população asiática, apesar de haver um número menor de indivíduos asiáticos. A diferença não atingiu significância estatística para as populações afro-americanas ou hispânicas.2

Para examinar possíveis variações étnicas na percepção da pele sensível, uma pesquisa epidemiológica foi realizada na área de São Francisco em 2009, com aproximadamente 800 entrevistas por telefone.

36% das mulheres afro-americanas, 31% de toda a população, 28% de asiática e 27% de euroamericanos relataram ter pele sensível, sem diferenças estatísticas. Asiáticos e euro-americanos apresentaram uma maior prevalência de reatividade da pele ao vento e a mudanças drásticas de temperatura.6

A sensação recorrente de prurido na face foi relatada por 42,6% das mulheres asiáticas com pele sensível, contra 33,8% da população com pele como um todo. Apesar de 58,3% de toda a população com pele sensível relatar não sofrer de vermelhidão facial recorrente, essa frequência atingiu 70,8% das mulheres afro-americanas com pele sensível.6

Uma comparação entre os grupos étnicos dentro da subpopulação com pele sensível (420 mulheres) revelou que os afro-americanos reagem menos à maioria dos fatores ambientais (vento, frio, mudanças bruscas de temperatura, poluição do ar, sol) e a bebidas alcoólicas. Menos euroamericanos evitavam certos cosméticos devido à sensibilidade da pele, porém reagiam mais a fatores ambientais como o vento. Os asiáticos sofriam mais frequentemente com prurido recorrente na face e apresentavam uma maior reatividade ao vento e à comida (temperos, álcool). Os hispânicos reagiam menos ao álcool.6



Indo mais longe

Os cinco pontos principais desse estudo epidemiológico de 2010

Proporções similares de entrevistados do sexo masculino e feminino disseram ter pele sensível em geral e pele sensível no corpo.

  • Uma proporção significativamente menor a de homens afirmou ter pele sensível na área genital.
  • As respostas de pele sensível na face parecem alterar-se para reclamações menos graves entre os homens que entre as mulheres.
  • Há diferentes razões entre homens e mulheres quanto a autopercepção da pele sensível, uma proporção significativamente mais baixa de homens citando evidências visuais de irritação da pele devido ao uso de produtos e uma proporção significativamente maior citando esfregamento ou fricção por contato.
  • Apesar de semelhantes proporções de queixas quanto ao grau de sensibilidade da pele entre homens e mulheres, os homens são menos propensos em afirmar que selecionam produtos levando esta condição em consideração.

Variações étnicas na percepção da pele sensível

  • Não há diferenças estatísticas entre grupos étnicos quanto a prevalência de pele sensível.
  • Euro-americanos são caracterizados por uma maior sensibilidade da pele devido ao vento mas tendem a ser menos sensíveis à cosméticos.
  • Afro-americanos apresentam uma menor sensibilidade da pele quanto a fatores ambientais e em uma menor frequência de vermelhidão facial.
  • Asiáticos parecem ter uma maior sensibilidade da pele à comidas condimentadas, a modificações repentinas de temperatura e ao vento, e tendem a sofrer de prurido com mais frequência.
  • Hispânicos apresentam uma incidência mais baixa de sensibilidade da pele ao álcool.
  • As diferenças na sensibilidade da pele entre os grupos étnicos englobaram muitos fatores de reatividade da pele e, em menor escala, sua sintomatologia.

Bibliografia

  1. Farage MA, Maibach HI. Sensitive skin: closing on physiological cause. Contact Dermatitis 2010; 62:137–149.
  2. Does sensitive skin differ between men and women? Cutan Ocul Toxicol. 2010;29:153-63. Farage MA.
  3. Willis CM, De Shaw S, Lacharriere O, Baverel M, Reiche L, Jourdain R et al. Sensitive skin: an epidemiological study. Br J Dermatol 2001; 145:258–263.
  4. Misery L, Boussetta S, Nocera T, Perez-Cullell N, Taieb C. Sensitive skin in Europe. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2009; 23:376–381.
  5. Ethnic variations in self-perceived sensitive skin: epidemiological survey. Jourdain R, de Lacharrière O, Bastien P, Maibach HI.Contact Dermatitis. 2002 Mar;46(3):162-9.
  6. Farage MA. How do perceptions of sensitive skin differ at different anatomical sites? An epidemiological study. Clin Exp Dermatol 2009; 34:e521–30.